Armando da Silva Carvalho wint poëzie prijs

Schrijver Armando da Silva Carvalho heeft de Grote Poëzie Prijs van de Associação Portuguesa de Escritores gewonnen met zijn bundel “O Amante Japonês”. De jury was unaniem over haar beslissing. Hiermee liet da Silva Carvalho andere Portugese dichters als Herberto Helder, Manuel Gusmão en Luís Quintais achter zich. Naast poëzie schrijft Silva Carvalho ook fictie (bijvoorbeeld het boek Portuguex) en vertaalt hij internationale literaire werken.

Met deze bundel, die in 2008 verscheen, keert da Silva Carvalho terug naar het meest typerende element van zijn schrijfstijl: de ironie, aldus een recensent. Zijn werk wordt verder omschreven als diepzinnig, sarcastistisch en met veel sexueel getinte metaforen.

Het werk van Silva Carvalho is tot op heden niet vertaald, dus uitsluitend in het Portugees te lezen. Het hieronder volgende gedicht komt uit de winnende bundel en beschrijft hoe de schrijver terug kijkt naar zijn eigen vroegere schrijfproces:

Transportaste os meus versos, e a prosa corrida e manuscrita
Chegava a descer ao nível dos pedais,
Amarfanhada.
Quando solta de mim, a prosa era uma crueldade
Meio oculta.
Sentias-me a tremer, nas minhas mãos
As lâminas
Degolavam as sílabas,
Era um sangue confuso, incongruente,
Que manchava os estofos e vinha, gota a gota,
Turvar a placenta do texto
Nascido no meu colo.

Loucura tão apertada em ti
E à nossa volta as árvores erguendo a nobreza vegetal
Que subia dos alicerces
Da terra,
Da água ao abandono pelas inclinações
Que eu dava à língua.

Anos e anos e dias que chegavam à noite ofegantes
Sem saber o que fazer às frases.
Um mistério indefeso, infante e natalício
Cruzava-se nos teus vidros
Com a névoa tensa, densa, cimentada.

Eu não sabia dizer, puxava devagar as linhas novas,
Nervosas, cordões umbilicais
Toda essa baba azul da esferográfica
Ao redor do produto, ali, parido,
Deitado no papel.

Lembro agora esse tempo acrobático,
Em que a cabeça reclinava
E declinava
Ao volante o lume, os nossos breves lumes
Nas paragens,
As palavras roxas, franzinas, às cegas, enrodilhadas no tempo,
Na tua paciência,
No parque maternal da minha escrita.

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